Quando o assunto é vida extraterreste, a aposta dos astrônomos está nos planetas que orbitam
estrelas fora do Sistema Solar. Desse coro faz parte a cientista porto-riquenha Wanda Diaz, que
aos 35 anos perdeu a visão e, por isso, teve que aprender a “ouvir” o céu para continuar a
executar seu ofício de astrônoma.

Questionada sobre as dificuldades em exercer a profissão, a astrônoma cita a radioastronomia,
estudo de corpos celestes que utiliza as ondas de rádio por eles emitidas desde 1932. “Todos
deveríamos reaprender a usar outros sentidos além da visão. A astronomia se valia exclusivamente
do som para explorar o espaço décadas atrás”, disse.

Utilizando a técnica da sonificação, que consiste na conversão de informações em sinais sonoros,
tal qual acontece com o contador Geiger, Wanda desenvolveu uma técnica de conversão de dados
complexos em sons audíveis, usando variações de duração, tom e timbre, entre outras
propriedades.

A astrônoma cega porto-riquenha Wanda Diaz posando para foto: exemplo de superação.

A cientista porto-riquenha Wanda Diaz: exemplo de superação. Foto divulgação.

Foi graças ao seu mentor, o astrofísico Robert Candey, que ela recebeu o estímulo para o
desenvolvimento do projeto durante o estágio em um centro de pesquisas da Nasa, a agência
espacial americana. E foi assim que a astrônoma detectou “emissões de energia em explosões
estelares que tinham passado despercebidas pela análise visual”.

Agora, seu objetivo é interpretar sonificações vindas de exoplanetas para buscar informações sobre propriedades químicas e condições atmosféricas capazes de indicar condições para a existência de vida – tudo isso graças ao aumento de percepção causado pela perda de um dos sentidos.

“A ciência tem o dever de promover a inclusão”, prega a cientista, que, além de suas pesquisas em
astrofísica, dá aulas para crianças cegas na Cidade do Cabo, na África do Sul. “A perda da visão me deixou ainda mais determinada a ser astrônoma”, afirmou ela, em um discurso mais que inspirador.

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