Grande parte das cidades turísticas atraem visitantes por conta de suas vistas espetaculares. É o caso, por exemplo, do Rio de Janeiro, cuja geografia privilegiada leva cerca de 2 milhões de turistas por ano ao Cristo Redentor. Porém, uma parte dos visitantes, formada pelos deficientes visuais, tem dificuldade em aproveitar o passeio. Mas não precisaria ser assim. E se os pontos turísticos tivessem informações em braille?
Em Nápoles, no Sul da Itália, um trabalho do artista italiano Paolo Puddu, formado na Academia de Belas Artes da cidade, batizado de Follow the Shape, tem surpreendido os visitantes cegos que passam pelo Castelo de Santo Elmo, fortaleza da Idade Média situada no topo de uma colina, cuja visão de 360 graus abrange uma paisagem indescritível do entorno.
O corrimão em braille instalado no Castelo de Santo Elmo, em Nápoles.

O corrimão em braille instalado no Castelo de Santo Elmo, em Nápoles. Foto reprodução.

Lá, o artista italiano instalou um corrimão metálico com inscrições em braille, que passa por todos os caminhos e escadarias da Praça das Armas. No corrimão que leva a intervenção do artista, os deficientes visuais encontram frases do livro de 1919 “A Terra e o Homem”, do escritor napolitano Giuseppe De Lorenzo.
Graças ao braille, os deficientes têm a sua imaginação provocada enquanto formulam imagens da paisagem da região da Campânia, um estímulo sensorial que tem instigado os turistas, cegos ou não.
A proposta venceu a 5a edição do concurso “Uma obra para o castelo”, que teve a curadoria de Angela Tecce e Claudia Borrelli, diretoras dos museus da Campânia e do Castelo de Santo Elmo, respectivamente, e cujo tema era “Apenas um olhar – relações e encontros”.
A inusitada proposta artística encanta turistas do mundo inteiro. Além de o corrimão ser uma peça intrigante, também promove a inclusão daqueles que nao veem.
Trata-se de uma bela iniciativa, que merece ser replicada em outros pontos turísticos.