Muitas vezes o plantio de árvores está ligado exclusivamente à melhoria do meio ambiente. Porém, em alguns casos, cultura e gratidão entram no pacote – como ocorreu no condomínio Morro do Chapéu, em Nova Lima, cidade localizada no estado de Minas Gerais.
É lá que, há pelo menos 40 anos, o imigrante japonês naturalizado brasileiro Haruji Miura planta sementes de cerejeira – árvore símbolo de sua terra natal. Apesar de acostumada a temperaturas baixas, o aposentado de 89 anos teve sucesso em adaptar a planta ao clima tropical do Brasil.
Hoje, quem passa pelo local pode contemplar um belíssimo espetáculo com mais de 4 mil árvores, cujas cores fortes lembram os ipês brasileiros. Tudo por conta do sentimento de gratidão de Miura ao país que o abrigou.

Caminho de cerejeiras no condomínio Morro do Chapéu, em Nova Lima. Foto reprodução.

“Quando cheguei achei o lugar muito verde e logo pensei que ficaria mais bonito com as cores das cerejeiras. Então passei a plantar as mudas para agradecer ao estado onde me casei e criei filhos e netos”, disse o aposentado, que gostaria de poder plantar suas árvores pelo Brasil afora.
E o trabalho, que nasceu de uma paixão, acabou virando um negócio. Nem tanto por vontade dele, mas pela demanda crescente, com pessoas encomendando mais de cem mudas. Atualmente, Miura cobra uma média de R$ 35, variando de acordo com o tamanho da planta, além de sementes pelo site miuracerejeiras.com.br.
Mesmo assim, o imigrante continua doando cerejeiras a escolas e comunidades. E se diz feliz por poder ajudar com o meio ambiente. Isso porque as árvores atraíram abelhas, que são responsáveis por 30% da produção de frutas e verduras no mundo e que, por causa do uso de pesticidas, correm risco.
Outra curiosidade está na insistência de Miura em enviar sementes de ipês ao Japão. Porém, até o momento a árvore brasileira não se adaptou ao clima frio da terra do sol nascente. Mas um dia, acredita o entusiasta, vai dar certo.