por Marília Middleton

Finalmente aportamos em um lugar com uma conexão melhor para mandar notícias.  Nossa aventura, que começou na Califórnia seis meses atrás, passa neste momento por Nova Caledônia (uma ilha no Pacífico que tem o status de país ultra-marino). Do México a Fiji, já ancoramos em 15 ilhas em diferentes regiões paradisíacas. Mas fora o impacto das belezas naturais, o que mais tem chamado minha atenção são as pessoas com as quais cruzamos. Explico…  Antes de nos mudarmos para o barco eu ficava imaginando como seria a nossa vida social sem amigos e família por perto. Ficava preocupada principalmente por causa das meninas, mas Frank, meu marido, com sua experiência de velejador, sempre me falava que a comunidade dos barcos é muito unida, divertida e interessante. Desde que começamos a nossa jornada, conhecemos muitas famílias de velejadores.  De uma ilha para a outra sempre nos deparamos com pessoas que já havíamos encontrado ou até mesmo velejado juntos, com um barco sempre acompanhando o outro para o mesmo destino.  Quando ancoramos é sempre uma grande festa, todos se comunicam pelo rádio, visitamos os barcos um do outro para um bate papo e para que a garotada possa interagir. Fiquei encantada com o número de pessoas que estão com propostas de vida semelhantes à nossa. Muitas das famílias que encontramos neste período, já estavam morando num barco há mais tempo do que a gente. A necessidade de socialização, tanto dos adultos como das crianças é tão grande, que a conexão se dá rapidamente, pois existe uma  rotatividade de barcos de uma ilha para a outra com roteiros e tempo de estadia diferentes, fazendo com que a forma de conhecer os que estão no mesmo ancoradouro é na base do “aqui” e “agora,” para não perder a oportunidade do encontro.

Partiremos agora para o Sul da Austrália onde ficaremos até a temporada dos furacões passar – provavelmente até março. Deixaremos o barco na Austrália e viajaremos de avião e carro por lá, Nova Zelândia e Tasmânia.

Em março ou abril subiremos velejando o norte da Austrália rumo à  Indonésia. Temos mais ou menos uma agenda estimada para 3 anos de viagem e planos  para visitarmos vários países que são de interesse de cada tripulante, mas assim como o mar, somos flexíveis, e mudamos os planos conforme o tempo e sugestões de outros velejadores.

A Europa é um bom exemplo. Queremos muito velejar por lá,  mas já nos falaram que é um mar muito difícil, muito fundo para ancorarmos, as diárias das marinas são bem caras e em muitos lugares os ventos são imprevisíveis. Mas isso não quer dizer que seja impossível, estamos sempre estudando as possibilidades.
 É muito legal compartilhar experiências, mergulhar juntos para ver a beleza marinha, sair numa caminhada até o lugar mais alto da ilha onde sempre há uma vista maravilhosa, compartilhar a descoberta de qualquer que seja a curiosidade de uma ilha. Se ancoramos em um lugar que tenha uma praia legal, sempre rola um happy hour  com fogueira e direito, na maioria das vezes, a um lindo pôr do sol.
A vida no mar não é perfeita, tem muitos altos e baixos e não me refiro só às ondas e mudanças da maré, mas em vários sentidos. No entanto, é incrível ver pessoas de todas as nacionalidades, mesmo sem se conhecerem direito, compartilharem seus sonhos e experiências, ajudarem uns aos outros, sem preconceitos,  julgamentos ou cobranças. Sem dúvida tem sido um aprendizado maravilhoso e inesquecível para toda a família.