A 32ª Bienal de São Paulo é um convite à reflexão sobre a relação do homem com o planeta Terra. “Incerteza Viva” propõe, por meio das obras de 81 artistas de 33 países, a construção coletiva de uma nova perspectiva para a humanidade, a partir dos encontros e interações entre tradição, inovação, natureza e urbano. Em cena, o questionamento de como iremos enfrentar os grandes desafios do nosso tempo, tais como o aquecimento global, a perda da diversidade biológica e cultural, as migrações e a injustiça na distribuição dos recursos naturais da Terra.
Como diz um trecho do texto de apresentação da mostra, “Ao se aproximar do pensamento cosmológico das inteligências ambiental e coletiva e das ecologias sistêmicas e naturais, esta Bienal configura-se como um jardim no qual temas e ideias se entrelaçam livremente em um todo integrado, como uma ecologia em si mesma.”
No pavilhão do Parque Ibirapuera, a arte contemporânea emite sinais, toma formas, contrapondo as incertezas de hoje com a potência da criação coletiva na construção de um futuro organicamente vivo, diverso e justo, fruto do equilíbrio entre os desejos do homem e a preservação do planeta. Logo na entrada da Bienal, o visitante se depara com três conjuntos de esculturas de Frans Krajcberg. As obras, batizadas pelo artista plástico polonês, naturalizado brasileiro, de Gordinhos, Bailarinas e Coqueiros, são o resultado do trabalho de Krajcberg a partir da madeira calcinada, troncos, cipós e raízes, materiais que refletem toda a sua preocupação com a preservação do meio-ambiente.
A madeira também é o material que inspira as obras do artista plástico José Bento. O escultor brasileiro, conhecido por trabalhar com troncos de árvores caídas naturalmente na Mata Atlântica, trouxe para a Bienal uma obra inédita. “Do pó ao pó” reúne uma série de caixinhas de fósforos sobre estruturas de bancas de camelô com pés retráteis. Cada uma delas esculpida em madeira de biomas brasileiros, como braúna, cedro, pau-brasil… A obra, que tem o fogo como ponto de partida, propõe uma reflexão sobre a relação que há entre o tempo e a matéria que constitui inícios e fins.
Com sua série fotográfica Mestres de Cerimônias (2016), Bárbara Wagner revela o universo do funk brega na periferia de Recife. A imagem, que mescla ostentação e erotismo, representa a rica diversidade da capital pernambucana, colocando em xeque a identidade de um povo, independentemente da estrutura política, econômica e midiática vigente. Afinal, quem somos nós?
A 32ª Bienal de São Paulo- Incerteza Viva – tem a curadoria de Jochen Volz e segue em cartaz até o dia 11 de dezembro, ter, qua, sex, dom e feriados: 9h – 19h (entrada até 18h) / qui, sáb: 9h – 22h (entrada até 21h). Fechado às segundas / Entrada gratuita.