Foi trabalhando como assistente social no Distrito Federal, em 2003, que a tocantinense Katia Ferreira percebeu que havia chegado a hora de ajudar os outros e construir um legado. Na humilde São Sebastião, cidade-satélite de Brasília, ela se deparou com um pequeno grupo de mulheres bordadeiras que trabalhavam com panos de prato.
A visão deu a ela uma ideia imediata: aproveitar o talento das mulheres para fazer peças de moda, que poderiam ser comercializas com mais facilidade e, dessa forma, ajudá-las a melhorar de vida. O grupo de cinco costureiras logo contava com 28 pessoas, que, por falta de dinheiro, usavam tecidos baratos, como algodão preto, algodão branco e crochê.
O estilo das bordadeiras virou a marca registrada dos vestidos, assim como as imagens religiosas e de natureza. E foi dessa junção de referências que veio o nome da grife, Apoena. Graças a um sonho de Katia, em que viu a Nossa Senhora do Araguaia de joelhos entre índios, ela buscou palavras indígenas e chegou nessa palavra da etnia xavante, que significa “aquele que enxerga longe”.
A empresa ganhou projeção nacional ao desfilar no Fashion Business de 2005, a convite do Sebrae, o que levou as roupas da Apoena até o departamento de figurino da novela América, da TV Globo. Treze anos mais tarde, já são duas lojas físicas em Brasília e a vontade de ir além.
Preocupada com os filhos das bordadeiras, Katia criou o Instituto Proeza, um programa de reforço escolar que já encaminhou 21 jovens a universidades e que se prepara para terminar a construção da própria escola, na cidade-satélite Recanto das Emas. O espaço terá capacidade para receber 250 crianças e jovens por ano.
Em outra frente, a Apoena acolheu 62 mulheres, vítimas de violência, ensinando-as trabalhos manuais. Tais ações levaram Katia ao WEAmericas Initiative, grupo criado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para a qualificação de mulheres da América Latina, cujo foco é o desenvolvimento econômico de pequenos negócios sociais.
Depois disso, a marca cruzou o oceano, trabalhando com mulheres da Guiné-Bissau, na África. Lá, criaram uma oficina de costura, onde as mães passaram a fazer roupas para elas e para os filhos.
A meta da empresária, “aquela que enxerga longe”, é permitir que a Apoena dure mais de cem anos, ajudando mães e formando crianças e jovens para o mundo. Um sonho que, cada vez mais, caminha para tornar-se realidade.