O Globo de Ouro (Golden Globe) de 2018  teve como grande destaque o combate ao assédio sexual. A campanha “Time’s Up,” (O tempo deles acabou!),  lançada no dia 1º de janeiro deste ano para combater o assédio sexual em todas as indústrias, foi lembrada e usada por homens e mulheres.

O movimento feminista “Me Too,” “Eu também,” iniciado pela atriz Alyssa Milano para incentivar mulheres vítimas de abuso sexual a dar seu testemunho no twitter, também teve lugar de destaque na 75ª edição da cerimônia.

No tapete vermelho do primeiro evento do ano de Hollywood, um desfile de vestidos pretos deu o tom do clima de protesto e solidariedade.  Desde que algumas atrizes tiveram a coragem de revelar terem sofrido assédio sexual por parte de figuras conhecidas do meio, a indústria do cinema americano passou a viver uma revolução.

Falar a verdade é um ato de coragem. A poeta e ativista social, Maya Angelou dizia que “Não há maior agonia do que suportar uma história que não pode ser contada dentro de você.” Ashey Judd, Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, e Cara Delevigne, tiveram a coragem de contar suas histórias até então impensáveis de serem reveladas. Em outubro de 2017, elas e outras atrizes de Hollywood denunciaram o todo poderoso produtor americano Harvey Weinstein por assédio sexual. 

De todos os momentos marcantes da festa no domingo, Oprah Winfrey foi o ponto alto. Primeira mulher negra na história do cinema a receber o prestigioso prêmio Cecil B. DeMille, a atriz e apresentadora foi ovacionada após seu discurso de agradecimento.  Oprah fez uma emocionante homenagem à coragem das mulheres. “Eu tenho certeza de que falar a sua verdade é a ferramenta mais poderosa que temos, e sou muito orgulhosa de todas as mulheres que se sentiram fortes o suficiente para se manifestarem e compartilharem suas histórias.”

A rainha da televisão americana lembrou a história de Recy Taylor.  Mulher negra, estuprada por seis homens brancos em 1944 no estado do Alabama. Mesmo jurada de morte, Recy denunciou seus algozes à NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor). Rosa Parks, ativista símbolo da luta contra a segregação racial por ter se recusado a ceder seu lugar em um ônibus para um homem branco, foi quem ficou responsável por cuidar do caso. Recy Taylor morreu dez dias antes da cerimônia do Globo de Ouro.

“Por muito tempo, mulheres foram desacreditadas se ousavam falar suas verdades contra o poder desses homens. Mas o tempo deles acabou. E eu só espero que Recy Taylor tenha morrido sabendo que sua verdade, como a verdade de tantas outras mulheres que foram atormentadas naqueles anos, e que são até hoje atormentadas, continua viva. Estava em algum lugar no coração de Rosa Parks, quase 11 anos depois, quando ela tomou a decisão de ficar sentado no ônibus em Montgomery, e está aqui com todas as mulheres que escolhem dizer ‘eu também’.”

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