Reciclagem é um assunto que já faz parte do nosso dia a dia, mas quanto na prática realmente se recicla no Brasil? Se o resíduo for lata de alumínio, não tem pra ninguém, somos o país que mais recicla no mundo! Segundo uma pesquisa realizada em 2017 pela Associação Brasileira de Fabricante de Latas de Alumínio (Abralatas), Can Manufacturers Institute e Bevera Can Makers Europe, o Brasil reciclou em 2016, 97.7% de latas, cerca de 280 mil toneladas de alumínio. Neste quesito estamos à frente de países como Japão (76%) e Estados Unidos (64%).

Mas em se tratando do lixo em geral, nossa performance é praticamente zero. O Brasil produz 76 milhões de toneladas de lixo por ano, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). 30% desse lixo teria potencial para ser reciclado, mas apenas 3% são reaproveitados. E destes 76 milhões de toneladas, 37 milhões são de lixo orgânico,  um material que pode ser transformado em adubo, gás combustível e até mesmo energia.

Só que no Brasil, apenas 1% do lixo descartado é reaproveitado.  Além do desperdício econômico, o impacto do não reaproveitamento no meio ambiente é enorme. O lixo orgânico que não é reciclado vai para os aterros sanitários, se decompõe e gera gás metano, um dos gases causadores do efeito estufa.

O Rio de Janeiro é um exemplo de como precisamos avançar no tema reciclagem. A cidade recicla apenas 1,9% do lixo produzido. Dispostos a mudar essa realidade da Cidade Maravilhosa, 4 jovens cariocas decidiram criar o Casca, uma startup de coleta e tratamento de resíduos orgânicos. 

O time CASCA: Breno Cardoso Câmara, Joana Ferreira Braga Willemsens e Nicholas Pfeifer Chamma

Nicholas Pfeifer Chamma ( 26 anos), Breno Cardoso Câmara ( 27 anos), Joana Ferreira Braga Willemsens ( 25 anos) e Nicholas Serra de Castro Wilson ( 25 anos) são amigos de infância. Eles estudaram juntos na escola e já na faculdade, o Nicholas Wilson, estudante de design,  fez um projeto para a PUC que acabou virando o Casca. Mesmo com foco em diferentes carreiras, Nicholas Chamma em marketing, Joana em ciências sociais, e Breno em administração, todos sempre quiseram trabalhar com meio ambiente e sustentabilidade. 

“O lixo, o descarte de resíduos, é um problema ambiental que é acentuado no meio urbano e pode ser resolvido através de uma prática simples como a compostagem. Além de gerar menos impacto ambiental, não sobrecarrega aterros e lixões irregulares e ainda gera renda. Reciclagem é um mercado em crescimento e tem espaço para novas ideias,” diz empolgado, Nicholas Chamma. 

O lixo é considerado uma riqueza em potencial. No caso do Brasil e sua produção de quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico o potencial econômico é enorme.

“O Brasil é um país com muito potencial de crescimento, mas  historicamente existe pouco interesse por parte dos governantes em criar políticas de incentivo para práticas sustentáveis, apesar do mundo todo estar cada vez mais preocupado com o nosso impacto no planeta terra.”

Além da agenda ambiental não ser uma prioridade para o governo, Nicholas vê outros desafios para a missão do Casca.

“É fundamental a conscientização da população em relação ao descarte de resíduos e o impacto que isso gera no meio ambiente. E como empresa, nosso maior desafio é uma logística que minimize o impacto ambiental.”

A startup Casca busca diminuir o impacto do descarte dos resíduos orgânicos através da compostagem e do fomento à economia local. O serviço funciona com uma assinatura mensal, com opções semestrais e anuais, que incluem: coletas, tratamento e um crédito mensal que é revertido para o cliente escolher produtos locais.

Após o cliente se cadastrar, ele recebe uma lixeira Casca com informações do que pode e não pode ser descartado e começa a separar seus resíduos orgânicos. A escolha do plano define o valor do crédito que será recebido pelo cliente na Cesta Casca e a frequência de coletas. Todos os planos incluem ao menos uma coleta semanal, que são feitas de bicicleta para minimizar a pegada ambiental da parte operacional da empresa.

Através de parcerias com produtores locais, o Casca oferece um cardápio com diversos produtos, desde copos reutilizáveis até leite e queijo de cabra. O cliente usa o crédito mensal para montar a Cesta Casca. A empresa também oferece uma alternativa, caso o cliente não queira usar seu crédito em produtos, destinando o valor para ONGs parceiras. E para os clientes que queiram montar uma Cesta com valor acima do crédito mensal disponibilizado no plano, é só pagar a diferença.

Em 5 meses de operações, o Casca já reciclou 2.1 toneladas de resíduos orgânicos apenas de pessoas físicas. A empresa tem como meta atender restaurantes, escolas e outros estabelecimentos comerciais a partir de maio.

Vivemos um momento em que o mundo foi obrigado a parar e as pessoas tiveram que adotar o isolamento social. Tudo para evitar a disseminação de um vírus indomável, letal, que já estabeleceu um marco na história da humanidade. Já o planeta segue mais vivo do que nunca. Onde antes era poluição, agora vê-se céu azul e águas transparentes. Está mais do que na hora de repensarmos nossas atitudes, na maneira como conduzimos nossas vidas, em como nos relacionamos com nosso entorno, com os nossos vizinhos. Se existe algo positivo em tudo isso, é a oportunidade que estamos ganhando de nos conscientizarmos dos efeitos que a sociedade de produção e consumo indiscriminados. A atitude de um indivíduo muda tudo no coletivo.  Vamos fazer a nossa parte!

VANTAGENS DA COMPOSTAGEM PARA O MEIO-AMBIENTE

  • Reduz a emissão de gás metano (causador do efeito estufa);
  • Reduz queimadas, já que os resíduos ganham um destino mais adequado;
  • Substitui o uso de adubos químicos no meio ambiente;
  • Reduz a quantidade de resíduos em aterros sanitários;
  • Propicia o retorno da matéria orgânica de forma útil; e
  • Reduz a quantidade de resíduos transportados para aterros e consequentemente, a emissão de combustíveis no ambiente.

Fontes: Recicla Sampa  Cultura Mix e Blog Lohas

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