É possível viabilizar uma empresa internacional de moda e ainda assim causar um impacto positivo, tanto na parte social como ambiental? De acordo com os proprietários da marca de tênis sustentável Vert, sim.
Criada pelos amigos franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp, a empresa surgiu da vontade de desenvolver um negócio com raízes ecológicas e ganhou forma em 2005, após uma passagem da dupla pelo Brasil.
Os empresários perceberam que poderiam produzir um calçado de fabricação e matérias-primas 100% brasileiras, feito a partir de algodão orgânico e borracha selvagem da Amazônia – o que, atualmente, movimenta uma cadeia de 160 pessoas, entre cooperativas e mais 30 funcionários ao redor do mundo.
A empresa tem como foco o comércio justo, algo que os donos entendem como base fundamental para uma economia verde. É exatamente por essa razão que cada par de tênis vendido gera em média R$ 1,1 aos produtores de algodão do Semiárido Nordestino e R$ 0,70 aos seringueiros do Acre.
Além disso, a Vert vai na contramão da produção em larga escala mundial, cujo foco são as indústrias do continente asiático. Todos os calçados são produzidos em uma fábrica no Vale do Sinos, no sul do Brasil, onde a legislação garante e fiscaliza os direitos dos trabalhadores.
O respeito pelo trabalhador que fornece a matéria prima fica claro ao analisar os valores pagos pela empresa. Em 2014, o montante pago pela pluma de algodão foi acordado em R$ 8,00/kg – um preço 65% superior ao do mercado, enquanto a borracha selvagem brasileira foi comprada por R$ 9,70/kg – quase 30% superior ao pago normalmente.
Quanto ao couro, vale ressaltar que a Vert bolou uma maneira de utilizar o couro da tilápia, um tipo de peixe de água doce, por um processo totalmente artesanal. Bastam nove peles de tilápia para fazer um par de tênis, diminuindo assim o volume de lixo ambiental.