Um dos primeiros espaços dedicados ao tratamento de doentes mentais do país, o Hospício dos Alienados, na Praia Vermelha, onde funciona o campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está promovendo um projeto de inclusão social que dá um bom exemplo.
O Palácio Universitário, construído em estilo neoclássico, está passando por reformas e, dentro do quadro de 50 operários envolvidos, quatro serventes (duas mulheres e dois homens) sofrem de algum problema psíquico, como depressão, esquizofrenia ou psicose maníaco-depressiva.
O serviço de reforma, que inclui o reparo de telhados e fachadas de todo o edifício, é feito desde 2014 por uma empresa especializada em obras em prédios históricos. A empresa adotou o sistema de cotas, de forma a promover a inclusão social e, por isso, contratou os quatros funcionários que apresentam distúrbios psiquiátricos- entre eles Rejane Alves Clemêncio, de 48 anos, diagnosticada como bipolar e com síndrome do pânico.
Ela conta que não saía de casa há três anos, realidade totalmente diferente da atual. Estimulada pela necessidade de ajudar no sustento familiar, ela vai e volta sozinha do trabalho, onde ela se sente aceita e orgulhosa.
A vontade de voltar ao trabalho, dizem os especialistas, é parte importante do tratamento, pois representa a volta efetiva do paciente ao convívio com a sociedade e o resgate da cidadania. O problema que muitos doentes ainda enfrentam é o preconceito, o que impede que mais pessoas com problemas psíquicos voltem ao mercado de trabalho e a se conectar com a sociedade.
A única exigência que faz a construtora responsável pelo projeto de reforma do edifício é que nenhum dos contratados interrompa o tratamento médico, o que estimula ainda mais o paciente a se reerguer. A iniciativa de inclusão social faz parte do projeto batizado de “Feito com as mãos: Inclusão de Usuários de Saúde Mental na Obra de Restauração do Palácio Universitário”.