Reclamar da falta de oportunidade não é uma característica de Joana D’Arc Félix de Souza. A cientista de 53 anos, que acumula 56 prêmios na carreira e o título de PhD em química conferido pela renomada Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, é prova de que empenho e dedicação podem superar a falta de estrutura.
Filha de uma empregada doméstica e de um profissional de curtume, profissional responsável pelo processamento do couro cru, com o objetivo de prepará-lo para a indústria, ela aprendeu a ler aos quatro anos, ensinada pela mãe.
Descoberta pela diretora de uma escola do Sesi de Franca, no interior de São Paulo, ela conseguiu uma bolsa e aos 14 anos já terminava o ensino médio.
Inspirada pela profissão do pai, a jovem optou por prestar química, mas como não tinha como pagar pelo cursinho, estudou por conta própria usando o material emprestado pelo filho de uma professora. O resultado? Aprovada na Unicamp, Joana mudou-se sozinha para Campinas, onde tinha dinheiro apenas para pagar o pensionato, a condução e o almoço.
As dificuldades abrandaram quando ela conseguiu uma bolsa auxílio pela iniciação científica – e logo chamou a atenção dos professores, que a incentivaram a seguir a vida acadêmica.
Com mestrado e doutorado, a jovem cientista teve um artigo publicado no Journal of American Chemistry Society, o que a levou ao pós-doutorado a convite da Universidade de Harvard.
Hoje, Joana vive em Franca, São Paulo, e trabalha como professora da Escola Industrial – ETEC realizando com seus alunos trabalhos importantes com resíduos de curtume, como o que desenvolveu uma pele similar à humana a partir dos porcos – barateando pesquisas e bancos de pele de hospitais.
Como resultado, além dos 56 prêmios, a cientista é parte da exposição “Inovações – Criações à Brasileira”, do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Para ela, a maior arma para vencer na vida é a educação.