Incêndios são um assunto de grande relevância no estado americano do Colorado. O clima seco, aliado ao calor intenso no verão, propicia a combustão das florestas na área, provocando grandes tragédias. Para tentar amenizar os estragos causados pelo fogo, uma grande aliança foi criada entre o governo, ongs e iniciativa privada, que – juntos – desenvolveram um plano curioso para salvar as florestas: provocar pequenos incêndios controlados para evitar grandes incêndios naturais.

Um pouco de história …

O ano de 1996 ficou marcado para sempre na história do Colorado. Um incêndio de proporções gigantescas arrasou a região de Buffalo Creek, no condado de Jefferson, devastando 11.900 acres da floresta nacional de Pike. Isso representa aproximadamente 6 mil campos de futebol.

imagens de pinheiros carbonizados pelo incêndio de Buffalo Creek no Colorado. A imagem faz lembrar um deserto cravado de espinhas de peixe

Imagem de parte da floresta devastada há 21 anos pelo incêndio em Buffalo Creek. Há áreas que de tão danificadas pelo fogo e pela inundação, não foi possível ainda recuperar o solo.

Oito semanas depois, uma tempestade acabou provocando um segundo desastre. Uma chuva intensa transformou o solo queimado e saturado de detritos em um oceano de água negra que elevou o nível do rio South Platte (Plano do Sul) e inundou a já devastada área de Buffalo Creek.

Rio South Platte coberto pelos detritos do incêndio de Buffalo Creek

Rio South Platte coberto pelos detritos do incêndio de Buffalo Creek

 A convite da FLN – Fire Learning Network (Rede de Aprendizado de Incêndios) o Muda Tudo visitou a floresta do Colorado, vinte e um anos após a catástrofe. Mesmo após todo esse tempo, há áreas que ainda não puderam ser reflorestadas tamanho o desgaste sofrido pelo solo.

Gestora florestal da TNC explica como funciona o trabalho colaborativo no combate ao incêndio

Gestora florestal da TNC explica como funciona o trabalho colaborativo no combate ao incêndio

A FLN é um projeto lançado em 2002 em uma parceria nacional entre a ONG TNC (The Nature Conservancy), o Serviço Florestal do Estados Unidos e de várias agências do Departamento do Interior dos EUA (Assuntos Indígenas, Gestão dos Solos, Serviço de Pesca e Vida Selvagem e Parque Nacional).

Equipe FLN reunida durante a visita à floresta nacional de Pike , local atingido pelo incêndio de Buffalo Creek

Equipe FLN reunida durante a visita à floresta nacional de Pike , local atingido pelo incêndio de Buffalo Creek

Desde a fundação da FLN, as equipes têm trabalhado em conjunto para restaurar o ecossistema local e uma das formas encontradas foi fazer do fogo um importante aliado na preservação do meio-ambiente e no equilíbrio ecológico, social e econômico da região. O caminho escolhido foi estudar o comportamento das chamas e, a partir daí, elaborar toda uma estratégia para criar e gerenciar incêndios dentro de um cenário seguro, impedindo, ou pelo menos abrandando,  consequências catastróficas como as de Buffalo Creek.

Profissional de Departamento de Defesa Ambiental do Colorado mostra tronco da árvore após incêndio controlado.

Profissional de Departamento de Defesa Ambiental do Colorado mostra tronco da árvore após incêndio controlado.

Dentro do planejamento colaborativo, são realizadas várias ações, entre elas, o plantio de árvores que serão “sacrificadas” pelo incêndio controlado com o objetivo de preservar as plantas mais antigas. Essas novas árvores atingem só até 4 metros, a altura ideal para serem consumidas pelo fogo e evitar que o incêndio se propague para o alto.  A outra medida é criar espaços entre as árvores para que em uma condição de vento forte o fogo não encontre muita munição para se alastrar.

De acordo com a saúde e a localização da árvore, os técnicos florestais decidem as que serão sacrificadas antes de programarem o incêndio.

Os troncos com marcas azuis que serão cortados para, em caso de incêndio, evitar que o fogo suba até as copas das árvores e se alastre ainda mais.

 

 

As 10 principais lições aprendidas com o modelo de trabalho colaborativo do FLN:

  1. Identificar as pessoas certas para o trabalho colaborativo.
  2. Comprometer-se com o processo.
  3. Começar com uma missão e visão compartilhadas que todos os envolvidos estejam de acordo.
  4. Certificar-se de que o processo seja aberto, inclusivo, transparente, acessível e adaptado às necessidades locais.
  5. Ter a certeza de que todo mundo tem algo para compartilhar e algo para aprender. O intercâmbio de informações constrói os relacionamentos.
  6. Incluir os outros no seu processo e compartilhar com eles suas informações.
  7. Manter os compromissos que você assumiu com cada um. Em última análise, o sucesso é resultado dos relacionamentos.
  8. Incorporar comida e diversão como oportunidades de co-aprendizagem.
  9. Implementar os projetos. Nada mina mais uma colaboração do que não chegar à implementação.
  10. Ressaltar sempre que é um esforço de equipe. Você triunfa, falha e evolui como uma equipe. Compartilhe liderança e crédito.

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http:// https://mudatudo.com.br/atitude-que-muda/startup-transforma-celulares-usados-para-combater-o-desmatamento/