Uma das vertentes da sustentabilidade costuma se apoiar nos três erres: reduzir, reutilizar e reciclar. E dos três, o reutilizar costuma ser o mais difícil de colocar em prática, afinal, vivemos numa sociedade onde os produtos saem de fábrica para durar pouco (aumentando a produção de lixo) e logo serem substituídos.
Foi reutilizando materiais retirados do lixo que o designer brasileiro Paulo Goldstein, que atualmente mora em Londres, executou com maestria a tarefa incumbida a ele pela Faculdade Central Saint Martins de Artes e Design, que consistiu em mobiliar uma das salas de visita da instituição.
Batizado de Scarcity Project, o projeto contou com o auxílio de um grupo de designers que percorreu a capital britânica em busca de pedaços de mobília quebrada e de outras peças descartadas por seus moradores.
Munido de 300 metros de corda colorida, o brasileiro deu forma aos novos móveis reutilizando muito daquilo que encontrou – tudo com muita criatividade e com um estilo único. “Conserto as coisas de maneira absurda”, afirmou ele, que ao invés de tentar retornar a peça para sua forma original, vai na posição contrária. “Devolvo a funcionalidade, mas me esforço para produzir uma nova mobília”, contextualiza.
O resultado é belo, além de também ser funcional. Hoje, quem entra na nova sala da instituição terá alguma dificuldade de acreditar que os móveis ali dispostos vieram do lixo – e que fazem parte de um ato declarado de resistência ao sistema da obsolescência programada, que nos é imposto pelo modelo de sociedade em que vivemos.
“É uma forma de lutar contra a ideia de que precisamos jogar as coisas fora, incentivando a indústria a produzir mais bens duráveis”, explicou Goldstein. Seria ótimo se mais faculdades e até empresas aderissem à iniciativa…