O congolês Louison Mbombo veio para o Brasil em 2013 na condição de refugiado político e está escrevendo no país uma história inspiradora. Sozinho em terras brasileiras, ele terminou o segundo grau, ingressou na faculdade de medicina e criou uma ONG que venceu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) por seu trabalho no combate à malária.
Mbombo deixou a República Democrática do Congo para fugir dos conflitos políticos e sociais do seu país, uma nação assolada por guerra civil e que sofre com desnutrição e doenças como malária e sarampo. Filho de um médico cirurgião que dedicava parte do tempo a trabalho humanitário com a população carente do país, ele trouxe para o Brasil o sonho de trabalhar pelos mais pobres.
O jovem chegou a São Paulo sem falar português, foi acolhido por uma instituição e teve que aprender o novo idioma para poder terminar o colegial, com a ajuda de uma bolsa de estudos. Em seguida, ele conquistou uma vaga para refugiados políticos na Universidade Federal de Minas Gerais e se mudou para Belo Horizonte.
E foi de lá que Louison começou a desenhar a Solidariedade na Mokili, uma ONG destinada a diminuir a desnutrição de crianças no Congo, empoderar mulheres em situação de vulnerabilidade e combater o avanço da malária. O projeto foi desenvolvido para a pequena comunidade de Gungu, localizada a 500 quilômetros da capital do país, e é administrado à distância pelo estudante.
No início, a ONG distribuía mosquiteiros, remédios e conscientizava a população sobre cuidados como impedir a proliferação dos mosquitos e prevenir a malária. Em 2017, quando o Mbombo tinha 22 anos, o projeto venceu o prêmio Youth Citizen Entrepreneurship Competition 2017, da Unesco, na categoria voto popular e ficou em terceiro lugar na premiação geral. Com o auxílio financeiro recebido da ONU, ele planeja ampliar o projeto para atender um maior número de pessoas, no Congo e em outros países, inclusive o Brasil.
Louison Mbombo não tem planos para deixar o Brasil, por enquanto. Apesar da saudade de casa, o país ainda não é considerado seguro. Hoje com 23 anos ele já domina o português e afirma que seu projeto só nasceu graças à educação e ao apoio que recebeu no Brasil.
A UFMG realiza a aceitação de refugiados políticos como forma de inclusão. Para retribuir a ajuda da universidade, o estudante aproveitou a visibilidade conquistada pelo prêmio da ONU para organizar a primeira edição brasileira da competição de empreendedorismo social Hult Prize on Campus, que visa premiar e incentivar jovens com ideias inovadoras para melhorar o mundo.
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