É no entorno do Parque Nacional da Serra da Capivara, maior concentração de sítios arqueológicos do continente americano, que funciona o premiado projeto Cerâmica Serra da Capivara. Lá, artesãos criam peças de barro de forma totalmente sustentável e que levam para o resto do mundo um pouco da história dessa região.
O parque, localizado no Piauí, guarda a maior quantidade de pinturas rupestres do mundo e já foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Essas pinturas pré-históricas são a inspiração para o projeto e são transformadas em arte pelas mãos dos moradores locais.
A história da Cerâmica da Serra da Capivara começa nos anos 1990 em uma parceria entre a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) e a instituição italiana Terra Nuova, que estudaram o solo da região para encontrar a melhor argila e investiram na capacitação da população da região. O espaço para a instalação foi doado pelo ceramista Nivaldo Coelho de Oliveira.
Todo o trabalho para a produção da cerâmica visa a sustentabilidade e a menor interferência possível no ambiente. A argila usada para a produção das peças é retirada da natureza em um processo desenvolvido para causar mínimo impacto. Ela é tirada de barreios, formados pelo acúmulo de água das chuvas, e sua extração para o artesanato previne o assoreamento do poço.
Outra forma de diminuir o impacto ambiental é o uso de gás nos fornos, para evitar o uso da vegetação nativa como lenha. Além disso, toda a tinta usada na pintura das peças tem como base corantes naturais.
Cada item produzido na região é único e reproduz as pinturas rupestres da região. O projeto tem capacidade para criar cerca de 12 mil peças por mês, que são vendidas pelo Brasil e exportadas para Europa e Estados Unidos.
A arqueóloga Niède Guidon, idealizadora do projeto, conta que antes os moradores locais tinham pouco conhecimento da importância do sítio arqueológico que habitavam e que sobreviviam da agricultura e da caça, muitas vezes degradando a área.
Como reconhecimento por esse trabalho, a iniciativa foi premiada em 2005 como de melhor projeto de sustentabilidade do Brasil pelo Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDES).
Leia também: