Eles são animadíssimos e levam o maior alto astral para dentro de hospitais do Rio. Cantam, dançam, usam a alegria para ajudar a curar. O coletivo Conexão do Bem realiza intervenções artísticas duas vezes por mês no HEMORIO (Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti), no Centro do Rio, uma vês por mês no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, e em datas comemorativas no Pró-Criança Cardíaca, em Botafogo. Além disso, através do projeto Plateias Hospitalares dos Doutores da Alegria, realizam ações em outros sete hospitais da Rede Pública do Rio.
O trabalho é assim: eles fazem um cortejo de cerca de 3 horas pelas alas do hospital interpretando números teatrais, cantando, dançando, sorrindo, fazendo muita careta. Interagem com quem estiver no caminho e cada visita vira uma festa. Eles defendem que o cortejo afasta a dor e mostra que doença não se cura somente com remédio.
Felicidade, realmente, faz o maior bem para a saúde. Pesquisas comprovam que iniciativas desse estilo influenciam de fato no estado anímico de pacientes hospitalares, acompanhantes, profissionais de saúde e doadores de sangue. Um estudo da Universidade de Berkeley, na Califórnia, indica que as pessoas felizes estão menos propensas a desenvolver doenças cardíacas, que a felicidade fortalece o sistema imunológico, previne dores crônicas e faz as pessoas envelhecerem melhor e viverem mais.
O Conexão do Bem tem um núcleo fixo de 6 pessoas, a maioria atores e músicos. Mas têm gente de produção, figurino e maquiagem, parceiros que trabalham com video, foto, design e por aí vai. Todos têm sua rotina de trabalho em suas atividades independentes do grupo, mas cada um encontra um tempo para se dedicar ao trabalho voluntário.
O integrante do Conexão do Bem Andre Dale conversou com a gente e falou sobre a importância do trabalho contínuo nesses hospitais:
É muito importante. O hospital é um ambiente regrado, as coisas são objetivas. Mas a importância do nosso trabalho está justamente na necessidade subjetiva que as pessoas tem. O trabalho permite que a pessoa se utilize do teatro e da música para “sair” um pouco daquela realidade e criar o que está faltando para si, seja no campo poético, mental ou até mesmo espiritual, dependendo da necessidade de cada um. Essa possibilidade lúdica de expressão traz a tona uma percepção da própria força e de tudo que está bom naquela pessoa, a mente se percebe saudável e isso afeta o corpo positivamente, influenciando sutilmente o tratamento. Essa lembrança subjetiva de que existe saúde e essa percepção da própria potência precisa ser estimulada rotineiramente para que realmente afete a qualidade de vida de forma positiva.
E o trabalho com os funcionários?
Além de falar com os usuários do serviço de saúde, vamos ao hospital para dialogar com os funcionários de todas as áreas do hospital, que também necessitam dessa possibilidade leve de expressão que não tem muito espaço na rotina hospitalar, pra eles a continuidade do trabalho também é essencial.
Do que as pessoas precisam para a gente viver melhor em sociedade?
Podemos falar a partir da nossa vivência, que tem funcionado muito bem. Respeito, empatia, tolerância e responsabilidade. Entender que o que a gente faz a nossa volta afeta o todo. As nossas ações cotidianas e a nossa ética são capazes de transformar a realidade.
Do que o Rio precisa em termos de transformação social?
Que essa reflexão em torno da cidadania continue. O entendimento de que a cidade é nossa e temos responsabilidade sobre ela.
Indivíduo e coletivo: duas palavras muito importantes
Está tudo junto. A gente existe a partir do outro. Por isso a importância da autorreflexão enquanto cidadão. Um coletivo forte só pode ser gerado por indivíduos conscientes do seu entorno.
O NASCIMENTO DO PROJETO
O Conexão do Do Bem nasceu de uma idéia do ator Felipe Haiut, que aos 18 anos se mudou para Jerusalém e foi estudar “Educação não formal e liderança comunitária”. Durante o estudo em Israel, Felipe trabalhou com um grupo que desenvolvia um trabalho chamado clown therapy (terapia do palhaço). Quando voltou para o Brasil, Felipe procurou o HEMORIO com a idéia de realizar o mesmo trabalho por aqui. Convidou outros 10 artistas e em 2012 nasceu o Conexão do Bem. Desde então, eles vêm realizando intervenções . Hoje, o Conexão é uma ONG que faz parte de um grande movimento internacional para promover o bem estar dentro de hospitais, que para eles, são “centros de produção de saúde”. Eles acreditam que na importância da interferência da sociedade civil na construção de uma melhor qualidade da saúde pública.
Para terminar nossa entrevista fizemos nossa clássica pergunta: o que MUDA TUDO?
Quando a gente muda, MUDA TUDO. É consequência. E que seja sempre pra melhor.
Para saber mais sobre o Conexão do Bem e ver os vídeos do coletivo acesse:
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