Um app brasileiro que conecta catadores de lixo reciclável a pessoas com materiais para serem descartados venceu o prêmio francês de inovação Netexplo. O aplicativo de reciclagem Cataki tem como objetivo valorizar os catadores de lixo independentes e aumentar sua visibilidade e sua renda.

Segundo o aplicativo, os catadores coletam atualmente cerca de 90% de todo o material que é reciclado no Brasil, mas não têm seu trabalho reconhecido ou remunerado adequadamente. Com o Cataki, esses trabalhadores se conectam entre si e com pessoas e empresas interessadas na retirada de materiais, negociam valores e ampliam suas possibilidades de trabalho.

Para fazer parte do Cataki, o catador deve se cadastrar no site do aplicativo, informando dados pessoais, sua localização, o tipo de lixo que aceita recolher e um número de telefone para contato. Na outra ponta do app, quem possui material reciclável que precisa ser retirado acessa o aplicativo, confere os catadores mais próximos e, então, faz uma ligação para negociar a coleta diretamente com aquele trabalhador próximo do seu local.

O app foi desenvolvido dessa forma para garantir a inclusão de catadores que têm acesso restrito à tecnologia, possibilitando que eles possam estar envolvidos no projeto utilizando apenas um telefone celular simples.

O aplicativo foi idealizado pelo grafiteiro e ativista Mundano, também criador do Pimp My Carroça, projeto que desde 2012 promove ações para tirar os catadores da invisibilidade e promover sua autoestima por meio do trabalho de reforma dos carrinhos de coleta e dos espaços das cooperativas de catadores, com a ajuda de artistas voluntários.

 

foto do projeto Pimp my Carroça

foto do Projeto Pimp my Carroça

Para Mundano, esses trabalhadores são importantes agentes ambientais e sua contribuição precisa ser reconhecida.

 

Equipe do aplicativo Cataki recebe prêmio na sede da Unesco, em Paris.

Equipe do aplicativo Cataki recebe prêmio na sede da Unesco, em Paris. Foto Divulgação

O prêmio Grand Prize Netexplo de Inovação Digital foi entregue em fevereiro, na sede da Unesco, em Paris. Segundo um porta-voz da premiação, o Cataki chamou a atenção por ser simples, fazer uso inteligente da tecnologia e promover um real impacto social e de integração de pessoas de diferentes classes sociais.

O aplicativo de reciclagem não tem fins lucrativos e é totalmente gratuito para os catadores e os usuários. Seu desenvolvimento teve um custo de R$ 160 mil e contou com diversas parcerias. Hoje ele já possui mais de 300 catadores cadastrados em mais de 30 cidades, e está em constante expansão.

O objetivo do criador é levar a ideia a mais cidades, multiplicar o número de catadores cadastrados e ampliar as funcionalidades do app. Para isso, o projeto está em busca de mais voluntários e parcerias.

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