Médicos brasileiros desenvolveram um novo método para realizar cirurgias cerebrais com o auxílio de telefones celulares. A equipe do Hospital das Clínicas (da Universidade de São Paulo), que criou a nova técnica, afirma que esse avanço pode tornar determinadas cirurgias mais seguras e muito mais baratas, portanto mais acessíveis à população.

A criação da equipe de pesquisa já foi colocada em prática mais de 150 vezes com alto índice de sucesso. A experiência e seus resultados foram publicados na revista científica internacional Journal of Neurosurgery. O principal autor do estudo é o neurocirurgião Maurício Mandel.

O novo método é utilizado em neuroendoscopias – procedimentos cirúrgicos menos invasivos para casos de hidrocefalia, tumores e problemas vasculares no cérebro, como aneurismas. O smartphone é adaptado e ligado a um endoscópio – instrumento usado para observar o interior do corpo – e assume a função de câmera, ajudando o cirurgião a realizar o procedimento.

Neurocirurgião Maurício Mandel realizando procedimento com ajuda do smartphone. Foto Reprodução

Neurocirurgião Maurício Mandel realizando procedimento com ajuda do smartphone. Foto Reprodução

No sistema tradicional utilizado nessas cirurgias, o monitor que exibe as imagens captadas pelo endoscópio fica ao lado ou atrás do médico, e, para visualizar o que está fazendo, ele precisa desviar o foco do paciente diversas vezes ao longo do procedimento. Com o novo método desenvolvido pelos brasileiros, o celular fica na mão do cirurgião e acompanha os movimentos do endoscópio e do profissional, e a cirurgia se torna mais ágil e segura.

Outra vantagem do novo sistema é a possibilidade de gravar ou transmitir ao vivo todo o procedimento, o que traz um grande potencial para a educação de novos médicos.

O preço também é um fator relevante. Segundo Mandel, um sistema completo de neuroendoscopia tem o custo de R$ 200 mil a R$ 300 mil. Já o conjunto criado em São Paulo precisa apenas de um smartphone e um adaptador que tem o preço médio de R$ 1 mil.

O método ainda está em fase de testes, mas os médicos envolvidos no projeto acreditam que a publicação pode ajudar a difundir o procedimento e levá-lo a mais pessoas em breve.

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