A advogada Vercilene Francisco Dias é a primeira mulher quilombola a conquistar o título de mestre em Direito no país. O mestrado foi defendido no início de 2019, na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Vercilene nasceu no Quilombo Kalunga, localizado nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre. Na comunidade, as mulheres se ocupam principalmente do trabalho na agricultura e enfrentam dificuldades para ter acesso à educação, já que não existe escola na região.

Vercilene Dias posa com pesquisa sobre a disparidade na regularização fundiária na Comunidade Quilombola Calunga. (foto: Marcello Dantas)

Depois de receber incentivos de familiares e amigos para estudar e se tornar professora, Vercilene decidiu que queria fazer mais pela população da sua região e resolveu ir além.

Ela entrou na universidade em 2011 por meio do programa UFGInclui, que reserva vagas para estudantes indígenas e quilombolas em todos os cursos de graduação.  “Um dos momentos mais felizes foi quando minha irmã, que não sabia ler, soletrou meu nome na lista de aprovados para a UFG”, conta em entrevista ao jornal da universidade.

Após se formar, aos 26 anos, tornou-se a primeira quilombola de Goiás a passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

No mestrado, a sua pesquisa foi desenvolvida como parte do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da UFG e apresentou uma análise jurídica dos conflitos agrários na sua comunidade.

Vercilene Francisco Dias é primeira quilombola mestre em direito do país. Foto Reprodução

Vercilene Francisco Dias é primeira quilombola mestre em direito do país. Foto Reprodução

Ela firma ter orgulho de abrir portas e servir de exemplo para outras mulheres negras e quilombolas, mas vê um longo caminho ainda a ser percorrido por ela e por outras pessoas de sua comunidade em busca de inclusão e de respeito.

Depois de se tornar mestre, Vercilene Francisco Dias pretende seguir trabalhando para conquistar o título de doutora. Além de pesquisadora acadêmica, a advogada atua como assessora jurídica da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e como advogada trainee na organização Terra de Direitos.

Fontes: Secom UFG e Jornal O Popular

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