O trabalho da brasileira Fernanda Abra de proteção a animais silvestres foi reconhecido internacionalmente pela premiação Future for Nature. Com graduação em biologia e mestrado em ecologia, Fernanda atua para proteger espécies nativas de atropelamentos em estradas, ferrovias e aeroportos do país.
De acordo com levantamento do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), a cada 15 segundos um animal é morto por atropelamento nas estradas brasileiras. Cerca de 90% são pequenos, como sapos, cobras e aves, mas os de médio (9%) e grande porte (1%), como a anta, tamanduá-bandeira, lobo-guará, macacos, capivaras e onças, também acabam sendo vítimas desse problema.
Fernanda Abra tem 32 anos e desde os 22 estuda as causas e formas de evitar essas mortes, para proteger a vida selvagem e a biodiversidade brasileira. O foco do seu trabalho nesses 10 anos tem sido desenvolver medidas e estratégias para evitar que os animais sofram atropelamentos.
Uma das soluções estudadas por Fernanda são passagens de fauna, como túneis sob as estradas, por onde os animais possam fazer a travessia sem riscos.
Em 2014, a bióloga criou a consultoria ambiental Via Fauna, em parceria com Paula Ribeiro Prist. A empresa oferece serviços como levantamento e monitoramento de fauna, estudos de impacto ambiental, mapeamento e identificação de pontos críticos, elaboração de plano de manejo e resgate.
Para a premiação, o trabalho de Fernanda se destaca por oferecer soluções concretas para o problema. Além disso, a morte de animais por atropelamento é uma questão que ultrapassa fronteiras e ameaça espécies em todo o mundo, e as pesquisas da brasileira podem contribuir para a proteção de animais em outros países.
O prêmio é organizado pela Fundação Futuro for Nature, que tem sede da Holanda, e foi anunciado em março deste ano. A instituição se dedica a apoiar jovens empenhados na conservação ambiental.
Fernanda foi escolhida por um júri internacional entre 125 candidatos. Ela dividiu o prêmio com a indiana Divya Karnad, que luta pela conservação de tubarões na costa da Índia, e o veterinário Olivier Nsengimana, de Ruanda, por seu trabalho de preservação da ave grou-coroado-oriental, ameaçada de extinção.
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