O cultivo de cacau na Amazônia está ajudando a recuperar grandes áreas devastadas da floresta. A transformação, que está movimentando a economia local e nacional, vem acontecendo por consequência de parcerias entre ambientalistas e a indústria agrícola.
Parte do trabalho tem sido feita por antigos pecuaristas, que durante décadas, foram responsáveis por devastar grandes áreas da floresta para a criação de gado. Mas, devido à mudanças recentes nas leis ambientais, eles acabaram ficando sem renda.
Agora, com o apoio financeiro de grupos nacionais e internacionais de proteção ambiental, como o Fundo Amazônia e a organização The Nature Conservancy, eles estão aprendendo o cultivo de cacau e descobrindo as vantagens dessa mudança.
Além de proporcionar um lucro mais alto para o agricultor do que a criação de gado, o plantio do cacau traz vários benefícios para a Amazônia e contribui para sua recuperação após décadas de desmatamento.
O cultivo pode ser feito em pequenas áreas e gera renda para o agricultor sem a necessidade de expansão constante. Além disso, a plantação protege o solo, absorve o dióxido de carbono, auxilia na manutenção dos recursos hídricos e pode ser combinada às plantas nativas no mesmo terreno, recuperando a flora original.
Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o plantio de cacau na região pode dobrar a produção brasileira até 2028 e colocar o Brasil entre os três maiores produtores dessa matéria-prima no mundo.
O Brasil já foi um dos principais produtores de cacau do mundo, mas, na década de 1990, uma parte significativa do setor foi dizimado pelo fungo Vassoura-de-bruxa.
Para escrever uma história diferente, a variedade de cacau que está sendo cultivada na região Amazônica é mais resistente a essa praga e é também melhor adaptada ao clima da região. Um dos problemas enfrentados pelos produtores, no entanto, é a presença de macacos – os animais da região acabam comendo parte da produção.
São Félix do Xingu, no Pará, é um dos municípios que está mudando a partir dessa nova política. Ele já foi considerado o campeão de desmatamento na Amazônia para abrir espaço para criação de gado, mas agora está se tornando um dos maiores produtores de cacau do país. Em cinco anos a produção da amêndoa quadruplicou e chegou a 1,5 toneladas em 2011, segundo dados do IBGE.
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