Por Bruno Ascenso, Eduarda Lages, Julia Dal’Ava,Leonardo Simidamore, Mel Trench, Milena Alvarez, Rafael Turkienicz
Criar uma moda sustentável e ainda ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade. Essa é a missão da Utopiar. Mais do que uma proposta de moda consciente, a marca é um negócio de impacto socioambiental.
“Decidi montar uma marca em que todos os produtos seriam confeccionados por essas mulheres, com o objetivo de resgatar a auto-estima e gerar renda para que elas pudessem, de fato, romper com o ciclo da violência doméstica e seguir em frente,” declara a empreendedora Renata Rizzi, fundadora da Utopiar.
O projeto ligado à economia circular faz da Utopiar uma referência no ecossistema de impacto socioambiental.
“Não seria necessário produzir mais nenhuma roupa para as próximas gerações,” ressalta Renata.
A Utopiar é um dos exemplos de iniciativas que acreditam na moda sustentável por meio da economia circular. Baseada nos 3 “Rs” – redução, reutilização, e reciclagem de materiais e energia, essa economia tem como princípio estender o ciclo de existência de um produto evitando o ciclo ” extrair-produzir-descartar”.
De forma estratégica, a economia circular propõe retirar o mínimo da natureza e aproveitar ao máximo dos seus recursos. A intenção é fazer com que o produto possa ser ressignificado e reutilizado, sem que o destino final seja o lixo.
Renata acredita que a moda sustentável tem um papel relevante no mundo dos negócios e também para o futuro do planeta.
Desde a escolha do material até a decisão sobre o que deve ser feito com a sobra do tecido, a Utopiar se preocupa de ponta a ponta em minimizar o impacto ambiental.
Os processos na fabricação das peças são todos alternativos e feitos com químicas seguras, que não afetam a saúde humana e nem a ambiental. Para o tingimento, por exemplo, é usada uma técnica a seco, a Shibori, mais conhecida como o tie dye japonês. Também com o foco em reaproveitamento, a Utopiar trabalha com um algodão orgânico da Paraíba. Por ter uma coloração amarelada e rosada é um material descartado pela indústria de moda tradicional.
“A gente brinca que o defeito virou o efeito”, conta Renata.
Um outro destaque das roupas da Utopiar são as etiquetas. Feitas com os restos de tecido, elas trazem indicações importantes para o cuidado e preservação das peças.
“Quando você compra uma roupa da Utopiar, eu preciso que você saiba quais são as formas de lavar e qual a frequência ideal, por exemplo. Vários estudos indicam que se gasta muito mais na lavagem caseira do que na lavagem industrial. A questão é: qual a consciência estamos passando para quem compra a nossa roupa e qual o fim que ela terá,” conclui Reanata.
Entenda a indústria da Moda
A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo. Responsável por empregar mais de 75 milhões de pessoas, o setor consome todos os anos cerca de 93 trilhões de litros d’água em suas atividades. Além disso, também é responsável pela emissão de até 10% dos gases que causam o efeito estufa no planeta e por 500 mil toneladas de microfibras sintéticas que são despejadas nos oceanos todos os anos.
A tendência da Fast Fashion, ou “moda rápida”, é outro agravante para o crescimento da moda sustentável. Os preços baixos somados a uma oferta de roupas, estimula a compra mais frequente de peças, aumentando a produção. Sem contar o problema dos abusos trabalhistas nas fábricas mundo afora.
Muda Tudo: essa reportagem foi realizada por alunos da disciplina de Jornalismo, Cidadania e Ação Social da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, durante um laboratório de jornalismo construtivo que propôs uma imersão nas iniciativas que fazem parte do CIVI-CO, coworking que reúne uma comunidade formada por organizações e startups de impacto cívico socioambiental.
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