Por: Beatriz Mammana, Bruno Zuccoli, Isabela Pascoal Frasinelli, Isabella Tagliapietra,

Raphaella Magalhães Salomão e Mariana Mendes

O impacto da Virada Cultural na indústria criativa  

Quando a cidade pausa para  celebrar a sua cultura, algo mágico e lucrativo acontece.

A indústria criativa é responsável por contribuir com 2,61% de toda a riqueza gerada no Brasil. Seria o equivalente a uma injeção de R$ 155,6 bilhões anuais na economia, segundo o  “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil” publicado pela Firjan.

Apesar de toda a importância para o bem -estar, conhecimento, fortalecimento e pertencimento de uma sociedade, a cultura não é uma prioridade do Estado. O Ministério da Cultura foi transformado em uma pasta do Ministério do Turismo.

No entanto, a indústria criativa tem um papel fundamental na sociedade. Além de gerar entretenimento e empregos, ela fomenta os princípios  da diversidade e acessibilidade.

É o caso da Virada Cultural, evento anual promovido desde 2005 pela prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Por causa da Covid-19, este ano a Virada Cultural aconteceu no ambiente digital. O evento online foi realizado em setembro com diversas apresentações e em sua maioria gratuitas.

A Virada é um momento de pausar o ritmo alucinante do dia a dia urbano para que pessoas de diferentes grupos possam celebrar juntas a cultura e a cidade. Inspirado na Noite Branca (Nuit Blanche) francesa, o evento leva milhares de paulistanos às ruas. As atrações acontecem simultaneamente em vários pontos da capital. A cidade , normalmente dominada por carros, congestionamentos, pelo corre-corre de pessoas com prazos e compromissos, se transforma em um grande palco.

 

Imagem: Divulgação Facebook

“Eu acho que a Virada é uma boa oportunidade de ocupar os espaços da cidade e ressignificá-los. No dia a dia a gente vê as ruas como lugares de passagem, só que na verdade, esses lugares poderiam ser muito bem espaços de permanência também.” 

Essa é a visão de Nathalia Parra, do Cidadelas, um coletivo formado por comunicadoras que pautam a relação das mulheres com o direito à cidade.

Imagem: Arquivo Facebook Coletivo Cidadelas

A Virada não só ocupa espaços locais, como também atravessa limites geográficos. A partir de colaboração com a Prefeitura de SP, agências internacionais fazem parte do evento, como a Connecting Dots (CNT DOTS). A empresa é uma consultoria cultural de Portugal, mas que atua no território brasileiro com o intuito de transcender fronteiras e promover trocas de culturas, ampliando o impacto da indústria criativa.

Imagem: Arquivo Facebook Connecting Dots

Fundado pela cantora e produtora musical portuguesa, Anabela Cunha, o CNT DOTS  atua na “curadoria, desenvolvendo e implementando parcerias entre órgãos governamentais e instituições de outros países”, explica Anabela.

O projeto começou após a cantora se mudar para o Brasil, quando então passou a conectar músicos de Portugal com a cena artística brasileira. Desenvolvendo esse network musical, ela percebeu a importância de unir esses dois mundos.

“Percebi que poderia fazer a diferença nesta indústria tendo o Brasil como ponto de partida e Portugal como a conexão para a Europa e outros países de língua portuguesa”, conta Anabela.

Na Virada Cultural, o Connecting DOTS atua em conjunto com a Music Export Offices Internacionais, trazendo artistas estrangeiros e criando parcerias com marcas ou empresas privadas que possam ter interesse em se veicular com a área cultural, maximizando a vinda dos artistas internacionais ao Brasil.

“A música é uma linguagem universal!”

A empolgação de Anabela Cunha não é à toa. A indústria criativa é vista como uma potente ferramenta para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 8, proposto na Agenda 2030 da ONU. O plano criado em 2015 pelos líderes mundiais, tem como um dos objetivos instituir o Trabalho Decente e Crescimento Econômico no mundo todo (ODS 8).Para Anabela, há uma relação do CNT DOTS e a pauta da ONU.

“Estamos trabalhando numa atuação do mercado que envolve os principais intervenientes de uma forma justa, evitando modelos cultivados por muitas das empresas que optam por explorar um dos elos da cadeia produtiva”, diz. 

 

Muda Tudo: essa reportagem foi realizada por alunos da disciplina de Jornalismo, Cidadania e Ação Social da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, durante um laboratório de jornalismo construtivo que propôs um mergulho nas iniciativas de impacto social no CIVI-CO, coworking que reúne uma comunidade de impacto cívico socioambiental.

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