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A longevidade está em alta, ainda que para a grande maioria dos brasileiros o mercado do envelhecimento seja algo ainda pouco atrativo ou até mesmo desconhecido. Uma pesquisa recém lançada pelas startups Hype60+ e Pipe Social, a primeira do país sobre o público sênior, revela a existência de um mercado de mais de 1 trilhão de reais. O documento Tsunami 60+ mostra que a terceira idade é o investimento da vez.
“A gente começa a quebrar um preconceito e surgem uma série de oportunidades. Precisa-se criar soluções para um público que representa 30 milhões de pessoas!”
A empolgação de Ricardo Podval, cofundador e CEO do CIVI-CO, o primeiro polo de impacto social da América Latina, deu o tom do painel sobre Economia Prateada realizado no último dia do FIIS, o Festival de Inovação e Impacto Social, que aconteceu entre os dias 2 e 6 de novembro em Poços de Caldas, MG.
No palco do Auditório Folha, além de Ricardo Podval, estavam as empreendedoras Mariana Fonseca, cofundadora da Pipe Social, Victória Barboza, uma das criadoras do EuVô, e Layla Vallias, fundadora da Hype60+, uma consultoria voltada para o público sênior e responsável pela primeira pesquisa sobre longevidade no Brasil.
“O termo Tsunami 60+ é uma provocação. Existe uma onda que pode trazer renovação, um mar de gente chegando, mas ninguém está se preparando pra isso. É a primeira vez no país que se fez um estudo para entender o comportamento do público 60+. Saúde, finanças, sexualidade… Tudo isso faz parte do estudo.”
Segundo dados levantados pelo Tsunami60+, já existem mais avós do que netos no Brasil. Em 2050, o país será o 6º mais velho do mundo, à frente de todos os outros países desenvolvidos. Mais do que um aviso, a informação serve como um chamado para empresários e empreendedores.
“Minha visão é que as grandes empresas não estão preparadas para isso. Há um mindset cultural e as startups estão focadas nos millenials,” pontuou Podval durante o painel.
No estudo que fala sobre “A Economia Prateada no Brasil,” Mariana Fonseca trouxe a visão do futurismo.
“Na Europa, tem estatística dizendo que já nasceu a pessoa que vai fazer 200 anos. E os estudiosos do futurismo vão muito além dessa idade.”
Mariana Fonseca deu a deixa para Layla Vallias mostrar como o resto do mundo está à frente no tema.
“A França está há 20 anos se preparando para enfrentar o envelhecimento da população. Os franceses criaram o Silver Valley para incentivar startups nessa área.”
Mariana citou exemplos de como o mercado internacional está investindo na relação com os idosos.
“No Japão tem farmácias com funcionários 60+ para atender a este público. Nos Estados Unidos, a rede Starbucks também já tem lojas com funcionários 60+ para oferecer um serviço com o ritmo de acordo com o público sênior. No empreendedorismo, já existem “unicórnios prateados” do mundo da longevidade. Os israelenses criaram um robô, o Elli-Q, que dialoga com o público 60+.”
A conclusão de que o Brasil está engatinhando no tema do envelhecimento, não necessariamente tira do país a chance de caminhar lado a lado de França, Japão e Estados Unidos.
“Têm muitas oportunidades para surfar na onda da economia prateada. Há um mundo para o empreendedor!” (Ricardo Podval)
Como CEO do CIVI-CO, coworking em São Paulo onde funcionam a Hype60+ e Pipe Social, Ricardo Podval é um entusiasta do assunto.
“As pessoas mais maduras estão procurando outro propósito de vida. É muito interessante quando você olha para os 70+ e 80+ que chegam nessa fase com outra entrega. Estamos vendo várias startups surgirem, como a Hype e o Euvô. Fortalecer esses empreendedores da longevidade é fundamental. Isso cria impacto social.”
De olho nas oportunidades e ciente do seu papel como fomentador do ecossistema de impacto social, Podval se uniu à dupla Layla e Mariana para criar uma área totalmente voltada para a longevidade.
“Estamos criando uma lifetech que é uma fábrica de startups de longevidade.” Anunciou em primeira mão, Layla. “O Brasil está envelhecendo muito rápido e precisamos agir. A Hype junto com a Pipe, o CIVI-CO e o Aging 2.0, mapearam 121 iniciativas para o público prateado. Vimos que existem sim negócios no Brasil com o foco nos 60+. Precisamos é dar mais visibilidade a esses empreendedores,” concluiu ela.
Empreendedores como Victória Barboza, cofundadora do EuVô. A ideia de criar a startup surgiu de um desejo de resolver um drama familiar.
“Minha mãe tem problemas de locomoção e eu e meu irmão já tínhamos que lidar com isso. Aí pensei, por que não fazer o que já fazemos com a nossa mãe com outras pessoas? O Euvô não é só um transporte especializado para o idoso. Nós oferecemos um tratamento adequado, um acompanhamento especializado, que vai além de levá-los de um lugar a outro. Temos que oferecer serviços para os idosos terem mais independência.”
Aos 27 anos, Layla já está de olho no futuro que, tudo indica, será longo:
“A fase 60+ já vai ser a maior da nossa vida. Hoje já é uma realidade que vamos viver mais 30 anos a partir dessa idade. Então, sim, o futuro é velho!
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