Rachel Maia desafiou as estatísticas para se tornar uma das mulheres mais poderosas do Brasil. Filha mais nova de sete irmãos, cresceu no bairro Cidade Dutra, na carente zona sul de São Paulo, estudou em escolas públicas toda a infância, mas acabou trilhando um caminho de sucesso no mercado de luxo. Aos 47 anos, com um diploma de Ciências Contábeis da FMU, Faculdades Metropolitanas Unidas, Rachel fez história por sua liderança na Pandora no Brasil, ficou nove anos à frente da joalheria, e agora por ser a CEO da marca Lacoste no país.
São poucas mulheres como ela a conquistar este status no mundo executivo: apenas 0,4% dos CEOs do país são mulheres negras, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ethos em 2016.
Com o dinheiro recebido ao sair de um emprego, como contadora em uma rede que fechou as portas, ela decidiu investir na educação e passou dois anos no Canadá aperfeiçoando o inglês e estudando administração. Esse foi um momento de definição na sua carreira. Para ela, investir em educação e aperfeiçoamento é essencial para ter sucesso. “Capacitação é a palavra-chave de tudo isso aqui. Capacitar-se é se empoderar”, disse Raquel em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Depois de voltar ao Brasil, Raquel trabalhou por quatro anos como gerente financeira em uma indústria farmacêutica até ser procurada por uma headhunter. A vaga era na Tiffany & Co., uma das joalherias mais famosas do mundo. A marca de luxo, um mercado novo para Rachel, acabou se tornando o caminho para o sucesso.
Depois de sete anos atuando como CFO da Tiffany, Rachel Maia foi procurada pela Pandora para assumir o cargo de CEO. Sob seu comando, a marca cresceu agressivamente no país e, em 2017, ela foi eleita pela revista Forbes uma das 40 mulheres mais poderosas do Brasil. Agora, à frente da Lacoste, ela coordena uma marca que possui 54 boutiques, 11 outlets, seis lojas Duty Free e cerca de 850 multimarcas no país.
Para abrir o mercado de trabalho para outras mulheres, criou o projeto Capacita-me, que oferece aulas em São Paulo para pessoas em situação de vulnerabilidade, capacitando profissionais para o trabalho no varejo. No projeto, 80% das vagas são destinadas a mulheres e Rachel aciona sua rede de contatos para, após o curso, conseguir vagas para os alunos.
Raquel também trabalha em parceria com a ONU Mulheres e discute com outros executivos políticas de diversidade racial e de gênero.
“Nós temos que trabalhar para mudar esse cenário”, disse em entrevista à revista Veja. “Tem que fazer. Tem que ter voz, tem que ter vez, lugar, tenho que brigar.”
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