“A gente queria muito aumentar a família e vimos na quarentena o momento ideal para adotar um cachorro, para ambientá-lo da melhor forma à nossa casa.”

A jornalista franco-brasileira Pascale Pfann e a filha Nicole chegaram ao Brasil no início de abril, vindas de Paris. Poucos dias depois, decidiram dar um importante passo em suas vidas: adotar um cão. As duas começaram a procurar ONGs ligadas a animais abandonados e a estudar diversos aspectos da adoção, entre eles, como fariam para levar o novo integrante da família para a Europa, quando fosse a hora de voltar. Em poucos dias, encontraram o Bernardo, um vira-lata de cerca de 4 meses, que passou a se chamar Ziggy.

família com cão adotado durante a quarentena

Nicole, Pascale e Ziggy: adoção durante a quarentena

“A gente estudou muito antes da adoção, para entender o trabalho que daria, o preço que custaria manter o animal, como levá-lo para a França…”, conta Pascale.

A jornalista diz que a ONG onde vivia Bernardo pediu a assinatura de um termo de adoção, além de todas as informações dela: documentos, renda familiar e até fotos do apartamento.

“Eles queriam garantir que o cachorro fosse bem recebido, mas eu não tive tanta informação da ONG e o cãozinho chegou com vermes e infestado de carrapatos. Eu poderia ter pago para eles darem todos os medicamentos antes de chegar aqui em casa, teria evitado muitos problemas que tivemos nas últimas três semanas. Não foi fácil, mas o que salvou é que o Ziggy é um doce e a gente se apaixonou por ele. Fizemos o melhor nas últimas semanas, gastamos muito e ainda nem compramos tudo o que ele precisa.”

família adota cachorro durante  quarentena

Pascale chama a atenção para a importância de se ter responsabilidade na hora de adotar.

“Ele já está muito melhor, mas a gente passa o tempo todo olhando para ele, vendo se os carrapatos morreram mesmo, como estão as fezes… Ainda bem que ele agora está ótimo! E é uma delícia de cachorro.”

Adoção responsável

A pedagoga Marcia Coelho Netto é voluntária da entidade filantrópica Dog’s Heaven, em Petrópolis, região serrana do Rio, que cuida de cerca de 250 cachorros abandonados. Marcia conta que o cancelamento das feiras de adoção, que eram realizadas aos sábados, resultou na diminuição do número de doações durante a pandemia. Mesmo com toda a crise, a Dog’s Heaven mantém o protocolo de cuidado antes de entregar um animal, que inclui vacinas, vermífugo e castração.

voluntária de abrigo para cães

Marcia Coelho Netto e dois cães da Dog’s Haven para adoção

Para a voluntária, é preciso haver responsabilidade também por parte das pessoas que vão adotar um cachorro, principalmente a consciência de que a quarentena vai passar e o animal vai ficar na casa do adotante, com uma rotina totalmente diferente:

“A adoção de um cão ou gato nesta época de quarentena com certeza trará muitos benefícios na vida das pessoas, pois não há nada melhor nestes tempos do que ter o carinho e a companhia de um animal. Mas, em breve, isso vai passar e o animal continuará na sua vida e apaixonado por seu tutor… é preciso que se adote com consciência e responsabilidade, pois estamos falando de uma vida e de uma parceria incrível por muitos anos. Um animal não é brinquedo, é família”.

Uma adoção, uma alegria

O cachorrinho Marte vivia na Dog’s Heaven desde o ano passado, quando foi abandonado junto aos irmãos na porta da entidade. No fim de abril, aos seis meses, ele ganhou uma família nova: a família Bassan.

família adota cachorro durante quarentena

Lais, Suely e Milena com Marte, no abrigo Dog’s Heaven

“Eu e a minha mãe amamos cachorros e sempre tivemos vários. Há uns 2 meses, a minha basset hound morreu e eu fiquei só com duas cadelas: a Maia e a Lua, que também foi adotada quando era filhotinha. O Marte chegou e agora é só alegria aqui em casa, a gente ri muito com ele”, diz Milena, 17 anos, filha de Suely.

A família vive em um sítio em Areal e a estudante conta que a quarentena mudou totalmente com a chegada de Marte.

“Eu fico o dia todo com os meus cachorros, faço tudo com eles, e agora na quarentena eles me fazem muita companhia. Mas eu estava ficando muito ansiosa e o Marte me ajudou muito. Agora eu tenho o que fazer o dia todo, além de estudar de manhã, em casa, claro”, diz Milena.

Milena com seus cachorros

Milena com seus cães: felicidade

A estudante conta que ela e a mãe ficaram impressionadas ao chegar à Dog’s Heaven, entidade recomendada pela tia, que já tinha adotado um cachorro em uma feira de adoção.

“O abrigo é sensacional. Eles cuidam muito bem dos cachorros, totalmente diferente do canil que a gente tinha adotado antes. Agora vimos cachorros de banho tomado, bem alimentados, castrados, vermifugados. A gente ficou muito feliz de ver que tem gente fazendo esse trabalho, que é tão importante.”

cachorro no banho

Banho, apenas um dos cuidados com os animais

Milena ficou tão impactada que já combinou de se tornar voluntária da instituição.

“Eles me convidaram e eu fiquei muito feliz de poder participar de um trabalho tão bem feito. Eu me disponibilizo para fazer qualquer coisa, eu quero muito ajudar, afinal, quanto mais voluntários melhor. Eu estou doida para essa quarentena acabar e eu poder ajudar, como vocês estão ajudando contando essa história aqui. Esse trabalho de vocês é sensacional porque as adoções diminuíram muito e as pessoas precisam saber que esse é o melhor momento para adotar: pela gente, que está se sentindo muito sozinho, e para ajudar um lugar que precisa”, completa Milena. (Obrigada! ;))

Dog's Heaven, entidade filantrópica

Marcia e Guilherme Agnew, fundador da Dog’s Heaven

Um cachorro novo no jardim de casa

A psicóloga Ana Paula Ligeiro ganhou a companhia de Benedito para passar a quarentena, sem sair de casa e sem buscar nenhum canil ou ONG.

Bê, como é chamado carinhosamente, apareceu no canto do jardim da casa dela, em Petrópolis, no fim de abril. Não sabe até hoje se o Benedito foi abandonado ou se fugiu. Extremamente amedrontado, demorou alguns dias para aceitar uma aproximação.

cachorro encontrado no jardim

Benedito, encontrado no jardim de casa

“Eu achava que ele era um filhote, estava absolutamente desnutrido e maltratado. Mas em 15 dias, ele praticamente dobrou de tamanho. Ainda não sai da casinha que fiz por nada, acho que pensa que pode perder tudo… ainda tenho muito caminho para fazer aquele carinha acreditar que a vida dele mudou para sempre”, diz.

Benedito, cão adotado

Benedito: agora não quer nem soltar as mãos de Ana Paula

Para ajudar

Para quem quer adotar ou ajudar com doações, fica aqui o contato da Dog’s Heaven:

www.dogsheaven.com.br

https://www.instagram.com/_dogsheaven/

https://www.facebook.com/DogsHeavenEntidadeFilantropica/

Banco Itaú

Agência 8062

Conta Poupança

CNPJ 18.677.467/0001-55.

Veja mais no Muda Tudo:

Solidariedade salva pequenos negócios na crise