O consumo consciente está cada vez mais na moda. Desapegar de roupas e acessórios que estão sem uso, trocar, alugar, revender ou reciclar peças de vestuário seguem ganhando espaço nas conversas e nos armários,  influenciando as decisões cotidianas de homens e mulheres de todo o mundo, em um movimento que não pode mais ser contido.

Para alimentar essa mudança e levá-la ainda mais longe, projetos começam a surgir combinando o consumo de moda de qualidade a um impacto social ainda mais efetivo. São bazares e brechós de peças selecionadas, muitas vezes com itens de luxo e alto valor, com renda total ou parcialmente destinada a ONGs e pessoas em situação de vulnerabilidade. Além de arrecadar fundos, essas iniciativas colaboram para aumentar a conscientização no consumo da moda e do bom aproveitamento de cada peça já produzida.

São muitas as iniciativas no país que seguem essa premissa. Conheça a seguir algumas das que existem na cidade de São Paulo e veja como colaborar.

Lojinha do Bem

A proposta da Lojinha do Bem, projeto de Marcelly Guerrero e Juliana Alberto, é causar impacto realizando bazares presenciais dentro de empresas e em eventos. A ideia nasceu durante uma viagem de Marcelly de dois meses ao México, quando ela percebeu que usava poucas das roupas que tinha levado e que não sentia falta de muitas outras que tinha deixado em casa. E foi tentando descobrir qual seria o melhor destino para seus pertences que ela pensou em vendê-las e doar o dinheiro a quem mais precisa.

Marcelly Guerrero e Juliana Alberto, criadoras da Lojinha do Bem. Foto Divulgação

Marcelly Guerrero e Juliana Alberto, criadoras da Lojinha do Bem. Foto Divulgação

A Lojinha do Bem recebe doações de roupas de pessoas que querem desapegar do que não usam mais, faz uma curadoria, e leva as peças para vender em espaços de grande circulação, seja em eventos abertos ou em parcerias com empresas. As doações que não passam pela seleção das fundadoras são destinadas a bazares de ONGs ou comunidades vulneráveis socialmente. Até o momento, o trabalho já arrecadou doações para seis ONGs.

Para Marcelly, tão importante quando o dinheiro conseguido é o trabalho de conscientização. “A Lojinha busca romper qualquer conceito negativo que as pessoas possam ter em relação a roupas usadas ou roupas doadas. Tentamos mostrar, por meio da curadoria, da exposição, do cuidado com as peças, e da nossa comunicação, que roupas doadas são tão boas quanto novas. E para as pessoas que doam, mostramos que peças paradas no guarda-roupa podem, além de estimular o consumo consciente, se transformar em recurso para projetos sociais.”

Descabide

Já o Descabide é um brechó online que transforma roupas de qualidade em recursos para a instituição Lar das Crianças. Ele foi criado por Fabiana Podval para unir uma necessidade pessoal – encontrar um trabalho que ela pudesse realizar de casa enquanto cuidava das filhas gêmeas – e um desejo de trabalhar a moda de forma mais consciente e responsável.

Fabiana Podval no ateliê do Descabide

Fabiana recebe doações de roupas, sapatos e acessórios seminovos de alto padrão e realiza uma triagem. As peças que se encontram em bom estado de conservação são anunciadas na página do Instagram e vendidas pela própria rede social. “Trabalho apenas com roupas bem cuidadas, e esse é um filtro de que não abro mão. Assim, caso alguma peça chegue fora desse padrão, ela é destinada diretamente à doação”, conta Fabiana.

Algumas consumidoras, que preferirem avaliar os itens pessoalmente, podem receber uma seleção em casa. “Como o preço das roupas é bem abaixo do que as lojas praticam, em média 20% do valor da peça nova, a aceitação tem sido alta”, comemora.

Para ela, somente com uma maior consciência em relação ao consumo de moda é possível manter esse trabalho, seja por parte de quem faz a doação das peças, quanto de quem vê nessas roupas uma melhor forma de consumir.

Parte das peças que chegam até Fabiana tem a renda totalmente revertida para o Lar das Crianças. A instituição pertence à Congregação Israelita Paulista e oferece assistência para cerca de 400 crianças de famílias em situação de vulnerabilidade. “O objetivo é que a renda revertida com as roupas possa ajudar a divulgar o trabalho da CIP e manter as atividades já existentes por lá”, diz.

Brechó Estou Desapegado

Outra iniciativa de consumo consciente que transforma doações em impacto social em São Paulo é o Brechó Estou Desapegado. O projeto faz parte do Movimento Estou Refugiado, que visa lutar contra o preconceito e apoiar pessoas que chegam ao Brasil para recomeçar a vida.

Brechó Estou Desapegado ajuda refugiados em São Paulo. Foto Divulgação

Brechó Estou Desapegado ajuda refugiados em São Paulo. Foto Divulgação

Também no Estou Desapegado as peças, doadas por pessoas simpatizantes, são selecionadas e colocadas à venda pelo site. Além disso, é possível ver o acervo e comprar pessoalmente na sede da organização, na Avenida 9 de Julho, 5017, sala 42, na capital paulista.

Toda a renda ajuda a impulsionar o trabalho do grupo que, entre outras ações, atua na recolocação profissional de refugiados.

Este conteúdo está alinhado com os 17 ODS  da agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável

 

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